“Meu agressor comemora 30 dias de impunidade”, diz Ludmila
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Após agredir a ex-mulher, ser preso e pagar fiança, Lúcio Genésio, que responde por dois crimes de violência doméstica, segue foragido |
O agressor e ex-companheiro da
advogada Ludmila Rosa Ribeiro, vítima de violência doméstica em novembro,
continua foragido. Após espancar a ex-mulher, o empresário Lúcio André Genésio,
irmão do Prefeito de Pinheiro, Luciano Genésio, pagou fiança de R$ 4.685 e foi
liberado pelo Delegado Valber do Socorro Andrade Braga, no plantão da Delegacia
do Cohatrac.
No dia 20 de novembro, foi
instaurado inquérito policial que decretou a prisão de Lúcio André, porém,
passados 30 dias, o agressor ainda não foi localizado pela polícia. Ludmila não
silencia e cobra da justiça punição ao ex-companheiro. “Quando a DEM [Delegacia
Especial da Mulher] comemora 30 anos de existência, meu agressor comemora 30
dias de impunidade. É complicado administrar o medo, a angústia, o esgotamento
físico e psicológico que sinto, e o pior é o sentimento de frustração”,
desabafa a advogada em suas redes sociais.
REVOLTA
Internautas usam também as redes
sociais para lotar o perfil de Lúcio André com comentários de revolta e
indignação. “O cara que espanca sua mulher, já bateu na mesma até grávida,
colocou a vida do seu próprio filho em risco, não pode representar os jovens!
Não pode representar nada, além da covardia e maldade”, diz um deles.
Além do caso registrado no mês
passado, Lúcio responde por outro crime de violência doméstica, cometido quando
a vítima estava grávida de cinco meses. Motivo pelo qual, a Promotora de
Justiça Bianka Sekkef Sallem Rocha, autora do pedido de prisão do Ministério Público, observou que
o arbitramento da fiança foi indevido, uma vez que o acusado já tem passagem
pela polícia.
Lúcio André tem 34 anos, é pai de
três filhos: dois frutos de outro casamento e um filho de apenas um ano com
Ludmila. Filho do ex-deputado estadual, Zé Genésio, e irmão do atual prefeito
do município de Pinheiro, Luciano Genésio, começava a traçar sua carreira
política no partido Avante, representando o núcleo jovem da legenda no Estado.
Com o slogan “um jovem em ação”, Lúcio defendia na internet os princípios da
família, se mostrando muito ligado aos filhos e ao pai.
INVESTIGAÇÃO
“Eu fico sem entender o motivo de
tanta dificuldade. A justiça concede prisão preventiva, mantém essa decisão,
coerentemente com a Lei Maria da Penha, prima pela proteção da mulher, quando é
hora do sistema de segurança mostrar que o Estado do Maranhão tem condições de
fazer cumprir dois mandados de prisão, ficamos sem resposta”, reclama Ludmila.
Lúcio André entrou com pedido de
revogação dos dois mandados de prisão pelos quais responde, entretanto, teve
ambos pedidos negados pela justiça e pelo Ministério Público.
Três dias após ter sido
violentada, a advogada se encorajou e demonstrou força a outras vítimas de
violência doméstica. “Não posso me calar, não posso deixar cair no
esquecimento, porque eu não vou esquecer, e da mesma forma eu sei que muitas
mulheres passam por isso e não esquecem o que acontece”, diz ela. “Espero que a
cada dia possamos evoluir no que diz respeito à efetiva aplicação da lei Maria
da Penha. Precisamos de todo o sistema fortalecido e apto para receber mulheres
que como eu tem coragem de denunciar. Acima de tudo, um sistema que resguarde a
vítima e não o agressor”, finaliza.
A delegada titular da Delegacia
Especial da Mulher (DEM), Wanda Leite, conta que as investigações foram
concluídas e a polícia segue diligenciando para encontrar o agressor. “Após o
inquérito ter sido instaurado, aguardamos os laudos de exame de corpo de delito
e do laudo pericial de dano do telefone celular da vítima e desde então estamos
trabalhando na localização do Lúcio e executar sua prisão”.
O CASO
Lúcio e Ludmila estavam há um ano
e meio separados e tentando reconciliação há dois meses. O motivo da separação
foi a agressão do empresário durante a gravidez de Ludmila.
No dia 11 de novembro, eles
saíram para jantar em restaurante na região da Lagoa da Jansen. Lúcio tirou
fotos com a ex-esposa e pediu a ela que publicasse em suas redes sociais.
Ludmila se recusou a postar e resistiu a entregar o celular para o empresário,
que o tomou a força.
O casal seguiu para o carro, onde
Lúcio começou a agredi-la com socos e cotoveladas. Chegando próximo ao
condomínio onde Ludmila mora, ele a jogou para fora do carro e a advogada, sem
força para se manter em pé, cai ao chão. Lúcio ainda tentou jogar o carro para
cima da vítima com o intuito de atropelar, mas foi impedido por vizinhos que a
socorreram.
FONTE: O Imparcial
Por: Marla Batalha. Data de publicação: 16 de Dezembro de 2017
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